domingo, 23 de dezembro de 2012

Acordada.

Sorte tem aquele que possui um amor correspondido. Deve ser muito fácil, para você, ficar longe de mim. Pra mim é tão difícil te decifrar, saber o que você deseja, com que intensidade me desejas e se desejas outras coisas muuuuito mais do que a mim. Sorte tem você por possuir um amor como o meu. Um amor que aprendeu a coisa mais difícil que alguém como eu poderia aprender: a ser paciente...

21.12.2012 - 00h21min.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

sábado, 17 de novembro de 2012

Um domingo qualquer.

De que vale amar se não for para me entregar e ir toda vez que ele me chamar? Então não é amor. Porém isso só é válido se o chamado dele for por amor também!

Mudável.

Agora é ter um pouco de paciência e esperar, mas como a vida não espera por mim, não espere que eu te espere no mesmo ponto. Me reencontrar será um pouco mais difícil, pois eu nunca estou no mesmo lugar. 


Vermelho Papoula.


Anaïs sempre fala de seu diário vermelho. Os meus são sempre vermelhos.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Quanta querência!

quero alguém que adivinhe o que eu quero mesmo a quilômetros de distância.
alguém que entenda meu olhar.
alguém que tenha dúvidas com relação ao que estou pensando,
mas que nunca duvide do meu caráter.
alguém que se importe quando eu estiver deprimida.
alguém que confie mesmo sem entender as minhas razões,
afinal, por que eu haveria de fazer mal a quem amo?
alguém que entenda quando eu for embora
e que me espere de braços abertos quando eu estiver preparada para voltar.
- tudo isso enquanto cultivo flores.

coisas que ficaram para trás




A coisa mais injusta que poderia ter me acontecido foi conhecer alguém, que provocasse a espontaneidade em mim, no auge de sua imaturidade. Me sinto envelhecendo e a sensação de envelhecimento é ausência de amor.
[...]
Quando sentires a pele do rosto mais áspera, mais firme e bem definida, não permita que a alma envelheça junto por medo de amar. Porque, de qualquer maneira, o sofrimento vem. E se for pra sofrer de todo jeito, que seja por ter amado muito. Amado mais do que poderia. Amado mais do que se permitiria.

domingo, 11 de novembro de 2012

Objetos são sempre objetos. Já as pessoas são uma porção de coisinhas infinitas.

    Um objeto é algo inanimado, parado, sem vida. O que dá vida aos objetos são os sentimentos que temos. Mas mesmo com sentimentos, objetos são sempre objetos.
   Com as pessoas ocorre diferente. Quando há sentimentos, o que era objeto se transforma em histórias, sorrisos, desejos, companhia e uma infinidade de outras coisas descritíveis e indescritíveis.
    Idiota é aquela pessoa que percebe os sentimentos de outra e a trata como objeto. É idiota não porque não amou a outro. É idiota porque é alguém que não consegue nem amar a si mesmo. Alguém que se acha feio, que é inseguro, que não se aprofunda nas relações com outras pessoas, que não experimenta novas sensações, que está sempre na zona de conforto.
     Uma pessoa dessa não surpreende, não emociona, decepciona.
    Sejamos um alguém que provoque paixões, que se entrega, que experimenta o indescritível. Não queira "descobrir o verdadeiro sentido das coisas. É querer saber demais. Querer saber demais".


domingo, 4 de novembro de 2012

A casa do monstro.

Em uma vila, distante dos grandes centros urbanos, havia uma casa velha habitada por um homem muito esquisito. Era um velho, magro, orelhudo e peludo. Ele nunca saia de dentro de casa e, quando isso acontecia, era tarde da noite. O velho sempre andava com uma sacola nas costas.
Haviam na vila também três crianças muito corajosas: a Pietra, o Miguel e o Emanuel. Os três notaram que os brinquedos favoritos das crianças daquela vila estavam sumindo e começaram a desconfiar que estavam dentro do saco do velho e que depois ele levava para dentro de sua casa. Então, os três resolveram seguir o velho de noite para descobrir o mistério dos brinquedos desaparecidos. Era dia de lua cheia.
Com bastante cuidado, seguiram o velho até o cemitério da cidade. Então o velho parou e olhou para aquela lua enorme e amarela  e começou a se transformar em um monstro de garras e dentes afiados, peludo e horroroso. Era um lobisomem. As crianças começaram a correr desesperadas, despertando a atenção do monstro que começou a correr atrás delas logo em seguida. Foi uma gritaria, mas seus pais e nenhum outro adulto poderiam ouvi-las, pois estavam muito longe de casa, o jeito foi colocar sebo nas canelas e correr o mais rápido que puderem. Só que no meio do desespero, Pietra tropeça num galho de árvore e cai. O lobisomem alcança ela. Seus dentes contra a luz mostravam o quanto eram afiados. Os meninos decidiram voltar e salvar sua amiga.
Mas neste instante, a correria que durou a noite toda, começou a amanhecer. Enquanto o sol foi surgindo, o lobisomem começou a se destransformar. O velho olhou para as crianças assustadas e começou a chorar e a pedir desculpas. Contou que gosta muito de crianças e que sua profissão é consertar brinquedos, porém, uma bruxa o transformou nessa coisa feia como castigo por ele ter se recusado a roubar os brinquedos das crianças para ela. Pietra, Miguel e Emanuel matutaram uma maneira de ajudar o velho e resolveram ir até a casa da bruxa. Pegaram seus brinquedos favoritos e decidiram presenteá-la em troca dela quebrar a maldição do velho.
Mesmo correndo o risco dela ficar furiosa e transformá-los em lobisomens e lobismulher decidiram ir adiante com o plano. A bruxa, pronta para lançar qualquer feitiço maldoso, quando viu os presentes, ficou muito emocionada com o gesto das crianças. Ela se emocionou porque nunca ninguém lhe havia dado um presente antes. Natal, Dia Das Crianças, Aniversário... quem é que sabe o dia do aniversário de alguma bruxa?
Pedido concedido. O velho, que agora atende pelo nome de Seu Bonfim, devolveu os brinquedos desaparecidos das crianças da vila, só que agora em bom estado, pois, de tanto brincarem, precisavam de reparo. Fez também novos brinquedos para os três heróis mirins e a bruxa despertou dentro de si a criança que nunca foi brincando com seus presentes.
Mas as crianças decidiram não ser mais tão corajosas. Desta vez o final foi feliz, na próxima é melhor não arriscar.




Conto criado para meus alunos, 
que são uma das luzes no fim do meu túnel, 
um dos finais felizes da minha história.

Contos de Terror - Halloween.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Guardado dentro e fora de mim.


Meu quarto é uma bagunça! Por isso minha vida é uma bagunça também? Eu encontro tudo o que quero em meu quarto, nada está perdido, só algumas coisas me exigem um pouco mais de tempo para encontrá-las, tempo esse que não posso dar nos dias de muita pressa.
Quando decido arrumar meu quarto (isso sim é um evento raro, tomo para ele o tempo de um dia inteiro, é quase um ritual), mas eu dizia que quando decido arrumar meu quarto, esse dia torna-se feliz e nostálgico por conta das memórias que ele guarda. Encontro coisas, objetos e bilhetes que me retomam momentos que quis guardar. Também é verdade que sou muito esquecida, é necessário que eu guarde para depois reencontrar aquilo que está a tempos esquecido, guardado e isso não é proposital. Mas nada está perdido. 
Há também aquilo que joguei fora, mas não me recordo que coisas foram essas e também não me sinto triste por não recordar. Confio plenamente em mim, se joguei fora é porque a memória não me faria bem. 
Há quem não me entenda, mas eu me compreendo perfeitamente, até mesmo de cabeça para baixo.


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

jujubas vermelhas.


Desfruta-me, 
que com 
minh'alma 
se é capaz 
de...



coisas escondidas

Alimento minha alma com doces poemas e atormento-a com as descobertas dos sentimentos que foram provocados em mim. Eu acreditava que quando se lê, aprende-se a amar, porém, o ato de ler é o despertar das coisas escondidas dentro de você.
Na leitura, forço-me ao delírio e às alucinações. Parte de mim é colocado para fora e desesperadamente fecho o livro na esperança de que ninguém tenha notado o meu devaneio. Todos os sentimentos fervilham dentro de você, causando-lhes sensações completamente desconhecidas, provocando em você o total estranhamento de si mesmo.
O eu-interior torna-se outro e continua sendo o mesmo eu de sempre.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O Passarinho e a Gaiola

O engraçado é que o Dono deixa a gaiola aberta, propositalmente, e não aceita que o Passarinho voe. Porque ele pensa que a fidelidade do Passarinho está em não sair da gaiola, quando, na verdade, ele é fiel porque voa e volta. E então o Dono, magoado de amor, tranca a gaiola para que o passarinho não entre mais.

"Amor Recíproco e Infeliz."
Texto de Stephanie Saskya e Izis Monaly.


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

ECO

A pele salgada daquele surfista
parece doce de leite condensado.
Como seu olhar, o mar é narcisista
e, na vista de um, o outro é espelhado;
e embora, quando ele dança sobre as cristas,
goste de atrair olhares extraviados
de banhistas distraídos ou artistas,
é claro que o mar é seu único amado.
Ei-lo molhado em pé na areia: folgado,
ao pôr-do-sol tem de um lado a prancha em riste
e usa do outro uma gata e um brinco e assiste
serenamente ao horizonte inflamado
e a brisa o alisa e enfim ele não resiste
à beleza e diz “sinistro!” e ouve eco ao lado.

Antonio Cícero [Do livro Guardar]



domingo, 30 de setembro de 2012

Sabe aquele momento que você tem na mão e não quer lagar nunca mais? -Este momento pertence à mim!

domingo, 2 de setembro de 2012

seduzir

meu bico afro
não precisa de batom
não precisa de cor
tem o tom de boca de quem deseja um amor
solto, sereno, suave...
e em meus olhos?
encontro representado neles, o infinito
desejos infinitos
quem ousa atravessá-los
sente o corpo faiscar
quem ousa atravessá-los
arde em brasa
e me deseja toda por dentro e por fora
que, aliada a minha boca,
tudo o que está em volta
é devorado
restando apenas a mim e ao amor
soltos, serenos, suaves
e loucos para seduzir...

















me inspirei na Izis Monaly para escrever este poema.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Poema: UNHAS PINTADAS

Autora: Vania Lopez 


mulher quando esta com raiva
veste vermelho quente
tras faíscas no olhar
salto agulha
uma tigresa caminha por dentro
de unhas pintadas
e um sorriso doce
nos lábios


sábado, 18 de agosto de 2012

Sinto-O.

Você não consegue enxergar o Vento e mesmo assim não tem dúvidas de que Ele exista! Por que ninguém diz que as folhas de uma árvore mexeram-se sozinhas ou que meus cabelos ficam esvoaçados por vontade própria?


segunda-feira, 23 de julho de 2012

Saudade.

Ele falou tão rápido comigo. Perguntou como eu estava, atropelou a minha fala, disse que viu a minha ligação perdida e que arrumou um tempinho no trabalho para me fazer esta ligação. Tava com tanta pressa que logo se despediu. Fiquei querendo dizer algumas coisas, mas acho que ele não ouviu, quando me perguntou "como você está?", eu dizendo que estava "com saudade".
[...]

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Por que não?!

To naquela fase de:
"só querer algo que me acrescente alguma coisa".
Coisas e até mesmo pessoas (por que não?!) que mudem a minha vida nem que seja por um centímetro.
Até mesmo vendo um filme isso pode me acontecer; mudar de ponto de vista, esgotar todas as possíveis maneiras de enxergar o mundo.
Sair de casa "pra ver gente", mas só observar; ficar de longe vendo como as pessoas se comportam, como elas riem, como elas ficam sérias de repente e observar o que elas observam.
Sentar num bar, pedir uma cerveja gelada e comemorar a vida.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

sábado, 16 de junho de 2012

Pernas Estúpidas


Pernas Estúpidas
Vania Vasconcelos

Porque os corpos se entendem / mas as almas não.
Manuel Bandeira 

Quando entrei na loja de revistas do aeroporto, dez anos e dois filhos depois, senti mesmo uma zonzeira estranha, mas não tinha idéia. Sabe quando a gente entra num lugar e sente olhos que avaliam? Ou não avaliam, apenas olham, mas é assim que a gente se sente, sei lá. Neura feminina. Taquicardia leve, pressentimento. Conferi: naquele dia estava tudo bem – cabelo lavado, saia do tamanho certo, pernas bem depiladas, salto bom, perfume em dia e batom preferido. Tudo confortável e tranqüilo: meninos sadios e dias de paz com o marido, reunidos em cinco dias de folga e viagem, perfeito como quase nunca. Então entrara na loja, sozinha e plena, feliz no papel de compradora das revistas da família. Sabe quando a gente se sente bem com a idade que tem e até mais beleza do que de fato há? É bom, não é, Madá? Necessário que seja assim, às vezes. Nunca pensei que entrar numa loja fosse complicar tudo! Tá bom, calma, conto. Não estou enrolando, é que esses preâmbulos são importantes, Madá! Dez anos depois, já pensou? Quando vi o perfil dele entre as revistas de política, tomei um susto e neguei. Claro que não é ele, imagine, soube que está morando fora a mais de cinco anos. Fiquei paralisada em frente ao balcão de revistas femininas, bestamente estática, até que percebi que ele olhava e sorria. Não, nem precisei olhar outra vez para saber que era ele. E o arrepio na espinha? Pois é, num esforço absurdo consegui pegar uma revista. Não sei qual, Madá, tá louca? Peguei e fiquei fingindo que via alguma coisa. Coração na boca, minha nega, pulando.
Foi no tempo do Mestrado em Ciências Sociais, ele vinha do Jornalismo e eu, da Pedagogia, cê sabe, essas misturas aproximam os seres estranhos dos mestrados alheios. Pois ele era meu colega e, desde as primeiras aulas, havia algo entre nós... sei lá, era alguma coisa além do além. No começo, vivíamos nos divertindo de irritar um ao outro nas discussões em sala de aula. Discordávamos mesmo de quase tudo, mas, aos poucos, percebi que era mais um jogo de provocação e me pegava pensando em como discordar dele de maneira mais inteligente, sabe? Claro que já era casada, faz as contas. Dois anos, sem filhos. Pois é. Não, estava tudo bem com Henrique. Vivíamos bem, nunca brigávamos, tempo de sobra pra cinema e pequenas viagens.. é, Henrique sempre foi muito distraído. Nunca foi de romancinho, nem grande paixão, mas sempre foi meu amor da vida inteira. Gosto dele, Madá, desde sempre. Não, nunca teve essa coisa de pele queimando, nem nada. Acredita que nunca nem dançamos juntos? Nunquinha. Pois é, então, aparece ele, o outro, e começa a implicar comigo. Aquela coisa de brigar com ele, o jeito cínico como me provocava, ah, Madá, não parava de pensar nele. Então começaram os e-mails, os poemas trocados. Ele tinha mania de trocar os nomes dos poetas só pra me irritar, mas não havia mais irritação nenhuma. Ríamos da brincadeira de contrariar e, aos poucos, foi ficando quente demais. Um dia, não chegou para a aula de terça. Saí. Estava lá, debaixo da mangueira, perto da cantina, fumando. Cheguei perto, sentei, perguntei se havia acontecido alguma coisa. Pediu uma bebida e sentou-se muito perto de mim. Foi falando devagar, o rosto quase colado, foi dizendo o poema intero, olhando no meu olho, sem piscar: A primeira vez que vi Teresa /Achei que ela tinha pernas estúpidas /Achei também que a cara parecia com a perna /Quando vi Teresa de novo /Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo /(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que o resto do corpo nascesse) /Da terceira vez não vi mais nada /Os céus se misturaram com a terra /E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas. Assim, Madá, sem parar, é mole? e depois, como se sempre tivesse feito isso, como se fosse nada, me beijou, beijou, beijou, olhos, boca, nuca... ai, Madá, fui pegando fogo, como se fosse isso mesmo que sempre tivera que ter acontecido. Ah, nunca fui tão feliz por me chamar de Teresa. Foi ele que me fez gostar do meu nome. Não conhecia antes o poema. Pesquisei e descobri que era Bandeira, mas ele tinha dito Drummond. Então, daí, ele sempre dizia o comecinho do poema e depois: Drummond!e eu ria muito, mas meu coração ficava aos pulos. Química? Combustão pura. Pele em brasa, Madá, febre, febre, coisa sem fim.
Não, nunca pensei em me separar de Henrique, nem falávamos disso. Magina! Eu continuava a amar Henrique sempre e queria cada vez mais cuidar dele, da vida dele, da nossa casa, nossa vida. Eu sabia que o outro era uma febre louca, necessária e louca, mas não tentei escapar, ao contrário, queria ir correnteza abaixo até naufragar. É verdade, se houvesse filhos, não sei. Ninguém descobriu. Íamos ao cinema juntos em plena segunda-feira e não víamos nenhum filme, nunca. Ele dizia ao meu ouvido Você tem pernas estúpidas e em ti os céus e a terra se misturam. Eu ria – Seja ao menos fiel ao poema – Ele ria – Drummond não te merece. E eu – Bandeira! Nunca beijei tanto alguém como beijei esse homem. Depois? Passou. Ele viajou por seis meses, eu estive afastada cuidando da dissertação, Henrique andou adoentado, foi passando e um belo dia não nos ligávamos mais. Sabe o que é isso , Madá? Dez anos e dois filhos depois, as águas calmas e frias, aparece esse homem no meio das revistas. Então? Cumprimento ou não? Como se cumprimenta um ex-amante daquele calibre, Madá? Também não sei. Fechei os olhos, virei fingindo procurar outra revista, acho que rezei um pouco, mas sabia que um maremoto formava-se em algum lugar de mim. Então resolvi cumprimentar, afinal, pensei, somos adultos.
Quando me voltei, ele tinha desaparecido. As mãos esfriaram mais uma vez, temi que quisesse correr à porta, mas me segurei no salto e escolhi as revistas para as crianças, para Henrique peguei duas, e uma para mim. Quando tirei o dinheiro para pagar, a moça do caixa me entregou dois livros que o homem de barba havia deixado: um livro de Bandeira – Estrela da Vida Inteira, com a dedicatória Você ainda tem pernas maravilhosamente estúpidas – e o outro de Drummond – O Amor Natural – escrita a frase ...ainda há poemas para você em mim, com o telefone e e-mail. Se liguei, Madá? Céus e Terra se misturaram e o Espírito de Deus, minha nega... (p. 109)



Conto extraído do livro: Quantas de Nós (contos). 
Autoras: Maria Thereza Leite, Vania Vasconcelos e Cleudene Aragão et al.
Edição:  Fortaleza: Expressão Gráfica Editora, 2010.
144 p.
 (Prêmio Moreira Campos, 2010).

quarta-feira, 6 de junho de 2012

O amor é assintomático.

Como pude? Me peguei pensando "porque o novato do meu trabalho não olha pra mim?". Ele não é bonito, tem feições particularmente estranhas, fala pouco, pouco interage com os demais. Certa vez me peguei falando em um tom de voz mais alto para chamar-lhe a atenção. Quando percebi que estava agindo assim fiquei vermelha. O bom de ter a pele escura é que, em momentos constrangedores como estes, o ruborizado não aparece. Acho que quem agiu foi o meu instinto de animal feminino, irracional mesmo. Serpente que seduz a presa na direção de uma armadilha. Mas é bem verdade que esse instinto em mim não é proposital. Se eu me pegar flertando, acabou o encanto pra mim. E quando o assunto é apaixonar-se por outra pessoa, sou assintomática. Coração não palpita, não há nervosismo, mãos suadas e pernas bambas também não há. E nem no momento da perda essa paixão é percebida. Dias após, meses após, eu me toco que não paro de pensar naquela pessoa que sempre esteve do meu lado. Puta merda! Novamente o perdido tempo colocou suas garras de fora. Mas essas bobagens da vida são assim mesmo, um fato não ocorrido e o carinha esquisito do trabalho puxa um papo e me da um sorriso. Dou um sorriso amarelo, encerro o papo e me  retiro da sala. Eu hein?! que cara mais esquisito!


quarta-feira, 30 de maio de 2012

Poema do não correspondido.

Tudo o que é meu-teu
É também breu.
Nunca tive muita pressa de amar
Por achar que o amor tinha obrigação de ser terno.

Enquanto isso, as pessoas devoravam umas as outras.
[...]

E no meio do bacanal,
Devoraram meu amor.
Eu que nunca tive pressa de amar,
Por achar que o amor tinha obrigação de ser terno,

No dia em que amei,
Não pude ser amada.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Quando a alma é vaidosa.

Nunca fui dada às vaidades como ela é imposta para nós. Tantas pinturas e já temos uma nova pele sobre a outra. É a arte de atrair os olhares para o que é superficial. Empregada desta maneira, a vaidade me parece muito adolescente. Toda essa maquiagem, cores, glitters, mundo fashion, glamour, novo rímel que alonga até dez vezes mais, roupas que estão em alta, e ser igual a todo mundo porque nas lojas só encontramos um único padrão de roupa de acordo com a temporada e, enfim, como isso me cansa! Os adultos deveriam ser mais maduros com relação as questões da aparência.
Nós adultos deveríamos sentar nas praças e preenche-las com sorrisos, conversas intermináveis, poesia, roupas leves, cores alegres, chinelos e simplicidade.
Nós, os adultos, deveríamos aprender a caminhar, cumprimentar as pessoas, abolir a mesquinhes, comprar chocolates de vez em quando e fazer companhia à Vó numa tarde de domingo.
Nós, Homo Sapiens Sapiens, deveríamos confessar ao menos três segredos para si mesmos, ter bom humor nos dias em que não fizermos um bom negócio, visitar menos os shoppings e supermercados da cidade.
(...)

Nietzsche definiu a vaidade como "a pele da alma".

quinta-feira, 22 de março de 2012

sábado, 10 de março de 2012


Arrisco. Não me arrisco.
Fico ou corro.
Me entrego ou minto.
Luto ou me reprimo.
[?]


domingo, 4 de março de 2012

Dos Prazeres de Diana.

    Algumas pessoas não gostam de comer coração, sangue ou moelas de galinha, por exemplo. Eu mesma, além das galinhas, gosto bastante das tripas e do bucho na buchada. Gosto também de uma leve gordura na carne de charque. Parece que gosto de sentir na boca o gosto da carne e do sangue de um animal que morreu para ser meu alimento. E quando alguém vem e diz que não gosta de comer coração de galinha, eu gostaria de dizer outra coisa, mas não consigo... Quando alguém vem e diz que não devemos comer a galinha e seu sangue, eu gostaria de ter dito:


   "- Claro que devemos comê-la, é preciso não esquecer e respeitar a violência que temos. As pequenas violências nos salvam das grandes. Quem sabe, se não comêssemos os bichos, comeríamos gente com seu sangue. Nossa vida é truculenta, Loreley: nasce-se com sangue e com sangue corta-se para sempre a possibilidade de união perfeita: o cordão umbilical. E muitos morrem com sangue derramado por dentro ou por fora. É preciso acreditar no sangue como parte importante da vida. A truculência é amor também."

Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres de Clarice L. 

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Dos sentimentos de Diana.

E todo o meu corpo se esvaía. Não tem nada haver com o sentimento de vazio. É bem pior. Pois já não me rebelo mais com tanta frequência, há uma desesperança e apatia em minha face que causaram estranhamento nas pessoas próximas de mim. Estou me tornando um alguém que não reage. E as pessoas estão começando a se acostumar com isso. Os últimos suspiros ainda me servem para escrever meia dúzia de palavras aleatórias com o intuito de reescrever minha vida, de contá-la ao meu modo. 
Mas o que eu gostaria mesmo era que me contasse o que você vê aqui dentro. Porque o que você enxerga em mim se tornou essencial para criar uma luz no meu sorriso. Eu acho que já te disse que gosto de pessoas livres e do quanto elas tem a capacidade de te doar um pouco da liberdade que possuem. Mas você é livre demais para mim. Então tive que me desprender de ti antes que eu caísse de uma altura maior. E todo o meu corpo se esvaia.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Das asas de Diana.

Eu nunca tive asas. Sempre fiquei debruçada na janela do meu quarto olhando as pessoas voarem livremente. Fazendo suas apostas para ver quem voaria mais alto ou quem aprenderia a voar primeiro. Mas eu nunca tive asas. Ninguém poderia me levar para voar um bocadinho, pois as pessoas são pesadas demais para ir nas costas dos outros. Cada um teria que ter suas próprias asas. De vez em quando um ou outro descia e vinha falar comigo, mas logo sentia falta do céu e ia embora. 

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

doce solidão (8)

A solidão é minha companheira. O silêncio, meu conselheiro e sou viciada em tédio. Só não entendo porque sou obrigada a dizer coisas felizes... (ai que ta, não sou). Mas digo! Deve ser para não assustar as pessoas. Para não afastá-las com meus pensamentos deprimentes. Para, só então, me sentir menos solitária e não ficar com todo esse silêncio que me assusta.
É o peso de carregar um sentimento só seu. Inexplicável para si. Inexistente para os outros.