quarta-feira, 6 de junho de 2012

O amor é assintomático.

Como pude? Me peguei pensando "porque o novato do meu trabalho não olha pra mim?". Ele não é bonito, tem feições particularmente estranhas, fala pouco, pouco interage com os demais. Certa vez me peguei falando em um tom de voz mais alto para chamar-lhe a atenção. Quando percebi que estava agindo assim fiquei vermelha. O bom de ter a pele escura é que, em momentos constrangedores como estes, o ruborizado não aparece. Acho que quem agiu foi o meu instinto de animal feminino, irracional mesmo. Serpente que seduz a presa na direção de uma armadilha. Mas é bem verdade que esse instinto em mim não é proposital. Se eu me pegar flertando, acabou o encanto pra mim. E quando o assunto é apaixonar-se por outra pessoa, sou assintomática. Coração não palpita, não há nervosismo, mãos suadas e pernas bambas também não há. E nem no momento da perda essa paixão é percebida. Dias após, meses após, eu me toco que não paro de pensar naquela pessoa que sempre esteve do meu lado. Puta merda! Novamente o perdido tempo colocou suas garras de fora. Mas essas bobagens da vida são assim mesmo, um fato não ocorrido e o carinha esquisito do trabalho puxa um papo e me da um sorriso. Dou um sorriso amarelo, encerro o papo e me  retiro da sala. Eu hein?! que cara mais esquisito!


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