domingo, 28 de março de 2010

NIETZSCHE


O SOLITÁRIO


Detesto tanto seguir como conduzir.

Obedecer? Não! E governar, nunca!

Aquele que não é terrível para si, não incute terror a ninguém.

E só aquele que inspira terror pode comandar os outros.

Já detesto guiar-me a mim próprio!

Gosto, como os animais das florestas e dos mares,

De me perder durante um bom tempo,

Acocorar-me, sonhando, em desertos encantadores,

De me chamar a mim mesmo, por fim, de longe,

E de me seduzir a mim mesmo.


A CANETA RABISCA


A caneta rabisca: que inferno!

Será que estou condenado a rabiscar?

Mas bravamente tomo meu tinteiro,

E escrevo em grandes ondas de tinta.

Que belos fluidos largos e cheios!

Como tudo o que faço tem êxito!

A escrita, é verdade, não está realmente nítida –

Que importa! Quem é que lê o que escrevo?


MORAL DA ESTRELA

Predestinada à tua órbita,

Que te importa, estrela, a escuridão?

Rola, bem-aventurada, através desse tempo!

Que a miséria te seja estranha e distante!

Ao mundo mais longínquo destinas tua claridade:

A piedade deve ser pecado para ti!

Admites uma única lei: ser pura.


(NIETZSCHE)

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